Os doentes em fim de vida devem ter um «melhor acompanhamento» e estar «mais próximos das famílias», já que os serviços de saúde como estão organizados «não são suficientes», considerou à Lusa uma especialista em hematologia.
«As necessidades são cada vez maiores e há o dever da tutela de melhorar a situação e fazer com que os cuidados paliativos sejam parte integrante do sistema de saúde», considerou Maria Fátima Ferreira, especialista do Hospital de S. João, no Porto, que participa na terça-feira numa mesa redonda promovida pela Associação de Apoio aos Doentes com Leucemia e Linfoma.
A iniciativa, que decorrerá na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, conta com a presença de Isabel Neto, fundadora da rede de cuidados paliativos e presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, e de Conceição Pires, médica do serviço de cuidados paliativos do S. João, entre outros especialistas.
Segundo Fátima Ferreira, os cuidados continuados, por definição, prendem-se com doentes com perda de funcionalidades e dependentes, e os paliativos exigem apoio, muitas vezes multidisciplinares, sendo prestados em fim de vida e «é aqui que é preciso ter noção que estes cuidados têm muito de preventivo».
«Os cuidados paliativos devem ser prestados numa altura precoce da doença, quando já não há mais nada de curativo a oferecer», disse, considerando que há «uma dificuldade de articulação entre vários centros paliativos e tudo isto provoca uma desadequação».
«É muito importante incluir as famílias na prestação de cuidados paliativos efectivos», disse a médica, defendendo que «o ideal seria alterar a legislação para que a família possa estar ao lado do doente».
Fátima Ferreira lembrou que é preciso ter em conta que os cuidados paliativos abrangem todas as faixas etárias e não só os mais idosos, como tantas vezes se pensa.
«Não só os doentes de hemato-oncológicos, com cancros do sangue, linfomas ou leucemias, é que necessitam de cuidados paliativos. Doentes com sida e doenças degenerativas do sistema nervoso-central também são afectados», concluiu.